sábado, dezembro 31, 2005

PROPOSTA ED SOCIAL BOLONHA

PROPOSTA PARA A FORMAÇÃO
DOS DIPLOMADOS
EM EDUCAÇÃO SOCIAL
NO ÂMBITO DO PROCESSO DE BOLONHA
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JUSTIFICAÇÃO CIENTÍFICA, TÉCNICA E/OU PROFISSIONAL:
A designação de Educação Social atribuída ao curso surgiu pela perspectiva
epistemológica em que o grupo, autor da proposta, se baseou bem como pela natureza da
função técnica e profissionalizante prevista para os seus diplomados. EDUCAÇÃO,
porque representa intervenção com uma essencial vertente educativa, de proximidade e
preventiva, na medida em que se parte do pressuposto teórico de que através da intervenção
social se podem evitar situações de risco e se pode ajudar os grupos vulneráveis a construir
alternativas de vida. Este processo vai no sentido do desenvolvimento das pessoas, das suas
capacidades e competências, e, por essa via, dos grupos e comunidades a que pertencem.
SOCIAL por se referir à realidade social nas suas diversas dimensões e contextos. O social
é, assim, o contexto de actuação educativa da Educação Social, predominantemente não
escolar e informal.
A Educação Social perspectiva-se numa modalidade de intervenção ligada,
preferencialmente, ao campo social, com base numa perspectiva educacional podendo
ainda ser entendida como uma <>.
Cursos de Educação Social com as mesmas finalidades existem a nível internacional,
nomeadamente em Espanha, França e Canadá. Acresce ainda a circunstância de, a
designação de educador existir já há muito em Portugal, em prisões, reformatórios e outras
instituições, exercida por profissionais sem preparação superior.
Neste momento, pode considerar-se que esta designação está consignada, existindo
mesmo uma associação destes profissionais, o Conselho Nacional de Educação Social
(CNES).
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PERFIL PROFISSIONAL DO EDUCADOR SOCIAL
Ciclos
Perfil
1º ciclo
2ºciclo
Descritores
- Caracterização das realidades sociais
de intervenção;
- Concepção , construção,
desenvolvimento e avaliação de
projectos educativos;
- Capacidade de diagnosticar problemas
sociais em contextos de intervenção
- Intervenção em contextos
diversificados;
- Prestação de apoio e acompanhamento
individual e grupal;
- Articulação entre equipamentos
sociais, instituições e serviços.
- Articulação entre pessoas e
comunidade
- Trabalho em equipa
- Concepção , Gestão e Avaliação de
programas e projectos da
especialidade;
- Avaliação de Instituições ;
- Investigação para a Inovação
- Realização de actividades de carácter
formativo
- Interface com grupos de outras
especialidades
- Direcção de instituições e de
projectos de intervenção;
- Colaboração internacional e
cooperação para o desenvolvimento
- Coordenação.
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COMPETÊNCIAS GERAIS DO EDUCADOR SOCIAL
Ciclos
Competências
Gerais
1º ciclo
2º ciclo
Competências
instrumentais
- Identificar problemas sociais.
- Caracterizar realidades sociais
(meio, grupos, instituições etc.);
- Utilizar metodologias e técnicas
de intervenção sociais;
- Conhecer as funções dos
equipamentos, instituições e
serviços sociais;
- Identificar, conhecer e utilizar
redes sociais de apoio
- Conceber e desenvolver
projectos de intervenção social;
- Avaliar a concepção, o
desenvolvimento e os resultados
dos projectos;
- Articular saberes de diferentes
áreas disciplinares;
- Produzir conhecimento científico.
- Conceber e aplicar projectos em
realidades específicas;
- Produzir conhecimentos numa área
particular de intervenção social;
- Construir e desenvolver projectos de
investigação –acção
- Capacidade para dirigir, coordenar e
avaliar programas, projectos e
instituições
- A par de uma cultura geral vasta

Carta aberta enviada à CNIS por email

Sou licenciada em educação social já há 5 anos e quase sempre trabalhei em organismos da CNIS, como por exemplo a Fundação Filos. Actualmente trabalho com população sem-abrigo e excluídos numa ipss na cidade do Porto. A razão pela qual escrevo relaciona-se com a questão do incorrecto enquadramento dos Educadores sociais. Para muitos pode não se justificar, mas deixa-me um pouco indignada o facto de os educadores sociais mais uma vez serem esquecidos nas negociações para esta última negociação da CNIS no que concerne ao novo contrato colectivo do trabalho que estive a analisar ainda à pouco. Não se entende como existem educadores licenciados desde 1999 e nos reajustes das tabelas o educador social além de não possuir a sua correcta definição de competências profissionais, ainda se encontra no quadro de pessoal altamente qualificável equivalente aos administrativos. Não se entende que de que forma todos os nossos colegas com quem partilhámos o esforço de equipa (psicólogos, técnicos de serviço social, outros), estão correctamente definidos e enquadrados em quadros superiores, assim como nós também o deveríamos estar. Parece justo à CNIS que técnicos como nós cada vez mais solicitados, a desempenharem papéis fundamentais, como por exemplo é o caso do Rendimento Social de Inserção (RSI), cuja circular da segurança social especifica bem a necessidade e obrigatoriedade da existência de um educador social, que continuemos a trabalhar como técnicos superiores, porque essas são as funções que nos exigem e ao fim do mês recebermos bem menos do que os outros técnicos com quem trabalhamos, desempenhando funções de igual responsabilidade e importância?! Ou será a hipocrisia deste Portugal, que prefere manter-nos como técnicos administrativos porque assim as IPSSS têm técnicos superiores por valores inferiores e muitas das vezes até os recrutam em substituição de técnicos de serviço social, porque somos mão-de-obra superior mas mais barata. Será justo também para os colegas de serviço social? Será justo para nós? Não trabalhamos todos para o bem-estar dos cidadãos mais carenciados? Não seria importante olhar para quem desenvolve trabalho tão duro como nosso e por vezes até mesmo ingrato e reconhecer o nosso trabalho de forma justa?
Gostaria que tomassem esta chamada de consciencialização e reflexão em conta e que até a fizessem chegar à direcção ou mesmo publica-la, porque não, aqui na página da CNIS. Deixo na consciência de quem é de direito!

Síliva Azevedo

Uma Educadora Social