quarta-feira, fevereiro 15, 2006

A Página da Educação Arquivo - Artigo "A Emergência da Educação Social!?"



Este texto responde a uma carta de Hugo Martins, publicada no número de Novembro de a Página. Essa carta pode ser lida também no endereço

http://www.apagina.pt/arquivo/FichaDeAutor.asp?ID=790

Em resposta ao artigo publicado em Novembro, dirigido em formato de carta aberta ao Sr. Presidente do Instituto Politécnico de Beja, gostava de esclarecer o papel do curso de educação social, pois e em concordância com o autor do artigo, Hugo Martins, a educação social não é serviço social nem este último o primeiro. Por essa mesma razão o que se passou na Escola Superior de Beja é lamentável e bem desagradável. Esta situação é completamente condenável, na medida em que estamos perante formações que remetem para papéis profissionais distintos e para práticas interventivas bem diferenciadas, ainda que, na minha opinião, muito complementares. Entendam que não estou aqui para satirizar profissões ou defender ideologias, mas sim para tentar desbloquear (pre)conceitos geradores de ruídos e equívocos que dificultam o trabalho de equipa e as dinâmicas de interprofissionalidade.Parafraseando, Delors (1996) “Um dos principais papéis reservados à Educação consiste, antes de mais, em dotar a humanidade da capacidade de dominar o seu próprio desenvolvimento”. A humanidade em cada homem, como defende Isabel Baptista, considerando que para tal é necessário “(…) introduzir o individuo no universo dos costumes, ajudando-o a fazer as aprendizagens que devem suportar a sua acção no mundo.”(1998). Um trabalho que deve acontecer em todas as etapas e contextos da vida das pessoas.De certa forma, podemos dizer que à Educação Social cabe, acima de tudo, ajudar a cumprir essa responsabilidade social, ocupando assim um lugar de “encontro” entre a intervenção educativa, a intervenção social e cultural. Ao contrário dos técnicos do serviço social, o educador social não intervém apenas numa base de «empowerment», como refere o artigo acima mencionado, “numa partilha de poder com o utente” durante o processo de aplicação de uma qualquer medida de apoio. Recorrendo de novo a palavras de Isabel Baptista, para a Educação Social, a pedagogia funciona como mais do que uma simples estratégia de intervenção. Ela corresponde ao próprio saber matricial dos educadores, chamados a desenvolver uma prática relacional subordinada ao princípio da educabilidade de todos os seres humanos. O educador social surge-nos assim como um actor e mediador social, um profissional da condição humana preparado para apoiar pessoas, ou grupos, com dificuldades (sociais, culturais, educativas) na concretização das suas aspirações e realizações pessoais. Enquanto técnico de relação, desenvolve o seu papel profissional sempre a partir de uma intenção pedagógica e de respeito pelo “Outro”, pela sua personalidade, vontade e desejo, tentando desenvolver com ele uma atitude reflexiva da sua condição humana e do seu próprio desenvolvimento.Consideremos, por exemplo, o papel do educador social nas escolas. Problemas como o absentismo, o insucesso escolar, a violência, a mediação entre a família e a escola, são questões que requerem uma intervenção sócio – educativa, baseada na escuta, no diálogo e no aconselhamento, que permite aos alunos e respectivas famílias, superar e aprender a gerir dificuldades, ansiedades, instabilidades, tomadas de decisão, nervosismo e/ou frustrações, sentidas no quotidiano escolar. Os educadores sociais podem funcionar aqui como mediadores na promoção da relação entre escola, família e comunidade. Eles podem ainda desenvolver planos de formação, dirigidos a toda a comunidade educativa, no âmbito da prevenção primária de comportamentos de risco, da educação para a saúde, cidadania, educação sexual, cuidados básicos de higiene, entre outros. Partilhando de um referencial pedagógico comum, os educadores sociais encontram-se em posição privilegiada para desenvolver uma acção educativa em pareceria com os educadores professores, ligando a educação escolar com a educação social. Finalizando, para quem leu também o artigo publicado na “república dos leitores”, facilmente entenderá que as duas correntes profissionais são diferentes e têm finalidades distintas. Por esta razão, consideramos indiscutivelmente censurável que o Ministério do Ensino Superior e o Ministério da Educação, homologuem cursos sem conhecimento prévio do seu correcto enquadramento. Se assim fosse, situações como a da Escola Superior de Educação de Beja, jamais poderiam acontecer e jamais se formulariam questões de concorrência e descontentamento entre profissionais. Cabe a todos nós, independentemente da diversidade de formação académica e profissional, promover quotidianamente, , nos diferentes espaços de intervenção educativa e social, um espírito de solidariedade e reconhecimento mútuo.

Autor do Artigo
Sílvia Azevedo
Técnica Superior de Educação Social. Mestranda em Ciências da Educação - Pedagogia Social da Universidade Católica do Porto. Membro Representante da Direcção do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde
silviazevedo79@hotmail.com

Inf. sobre o artigo
Jornal "a Página"Nº 153
Ano 15 Fevereiro 2006
Pag. 6

quinta-feira, janeiro 19, 2006

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