sábado, dezembro 31, 2005

Carta aberta enviada à CNIS por email

Sou licenciada em educação social já há 5 anos e quase sempre trabalhei em organismos da CNIS, como por exemplo a Fundação Filos. Actualmente trabalho com população sem-abrigo e excluídos numa ipss na cidade do Porto. A razão pela qual escrevo relaciona-se com a questão do incorrecto enquadramento dos Educadores sociais. Para muitos pode não se justificar, mas deixa-me um pouco indignada o facto de os educadores sociais mais uma vez serem esquecidos nas negociações para esta última negociação da CNIS no que concerne ao novo contrato colectivo do trabalho que estive a analisar ainda à pouco. Não se entende como existem educadores licenciados desde 1999 e nos reajustes das tabelas o educador social além de não possuir a sua correcta definição de competências profissionais, ainda se encontra no quadro de pessoal altamente qualificável equivalente aos administrativos. Não se entende que de que forma todos os nossos colegas com quem partilhámos o esforço de equipa (psicólogos, técnicos de serviço social, outros), estão correctamente definidos e enquadrados em quadros superiores, assim como nós também o deveríamos estar. Parece justo à CNIS que técnicos como nós cada vez mais solicitados, a desempenharem papéis fundamentais, como por exemplo é o caso do Rendimento Social de Inserção (RSI), cuja circular da segurança social especifica bem a necessidade e obrigatoriedade da existência de um educador social, que continuemos a trabalhar como técnicos superiores, porque essas são as funções que nos exigem e ao fim do mês recebermos bem menos do que os outros técnicos com quem trabalhamos, desempenhando funções de igual responsabilidade e importância?! Ou será a hipocrisia deste Portugal, que prefere manter-nos como técnicos administrativos porque assim as IPSSS têm técnicos superiores por valores inferiores e muitas das vezes até os recrutam em substituição de técnicos de serviço social, porque somos mão-de-obra superior mas mais barata. Será justo também para os colegas de serviço social? Será justo para nós? Não trabalhamos todos para o bem-estar dos cidadãos mais carenciados? Não seria importante olhar para quem desenvolve trabalho tão duro como nosso e por vezes até mesmo ingrato e reconhecer o nosso trabalho de forma justa?
Gostaria que tomassem esta chamada de consciencialização e reflexão em conta e que até a fizessem chegar à direcção ou mesmo publica-la, porque não, aqui na página da CNIS. Deixo na consciência de quem é de direito!

Síliva Azevedo

Uma Educadora Social

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