quinta-feira, agosto 11, 2005

Pelo reconhecimento de uma necessidade social e profissional justa!

A emergência do curso de educação social surgiu com a indispensabilidade de fomentar uma responsabilidade civil. Esse é o nosso maior desafio da Educação do Século XXI.

A violência doméstica, a toxicodependência, a falta de acompanhamento familiar, de crianças, jovens e adultos em risco ou em processos de exclusão social entre outras problemáticas e carências sociais, faz desta nova metodologia de intervenção um instrumento fundamental para a criação de técnicos especializados em educação social.

A formação de um perfil profissional como os educadores sociais, capaz de articular teoria e prática de modo a intervir na realidade social de maneira educativa, crítica, criativa, cidadã, solidária e multidisciplinar, torna-se elementar numa comunidade cheia de rupturas educativas e sociais.

A “Escola da Família” é muito mais que uma utopia é uma necessidade educativa com um objectivo comum: educar a sociedade para uma melhor qualidade de vida e bem-estar social.

A educação social emergiu como uma área da educação não formal que procura responder às necessidades de construção de projectos educativo-sociais com metodologias e estratégias diferenciadas, que valorizam a individualidade de cada sujeito e colmata a criação de processos assistencialistas, apostando na educabilidade do saber fazer.

Assim, surgiram os técnicos de educação social, técnicos de relação, encontram-se no terreno já há alguns anos. Começaram por exercer a sua actividade como técnico – profissionais, mais tarde com a valorização e reconhecimento do seu papel, bacharéis e finalmente desde 1996, como licenciados.

A verdade é que estes técnicos são cada vez mais e os cursos vão proliferando um pouco em todo país, o que não se compreende é como se continua a não assegurar uma saída profissional, justa e ajustada ao seu novo perfil profissional. Nada tem sido feito pelo Governo no que concerne a este grupo profissional, somos cada vez mais técnicos (licenciados), com competências bem delineadas, mas com um enquadramento profissional desajustado.

Trabalhamos em equipas multidisciplinares, entre eles técnicos de serviço social, psicologia, sociologia, entre outros, ambos com o mesmo grau académico que nós, mas com uma grande diferença profissional, auferimos por escalões bem mais baixos, porque aprovam-se cursos que depois não se asseguram saídas. Como se pode compreender que Portugal, membro da União Europeia, autoriza homologações de cursos, por sua vez existentes identicamente nos países parceiros mas que, ao contrário destes, autoriza salários desenquadrados e abaixo da função desempenhada.

Numa esperança incessante em que todos, técnicos superiores de educação social vivemos para que se reajuste a nossa condição profissional, equiparando a progressão de carreira aos nossos colegas de intervenção social (assistentes sociais; psicólogos), com quem trabalhamos diariamente, voltamos a apresentar a V. Exa. o nosso correcto enquadramento;

O educador social é um profissional com formação superior, que actua formativamente perante indivíduos, grupos ou comunidades, crianças, jovens, adultos ou idosos e numa perspectiva de prevenção e reabilitação dos problemas sociais. Actua em tecidos sociais fragilizados.

No exercício das suas funções presta ajuda técnica com carácter educativo, social, formativo e cultural a indivíduos, grupos e comunidades, no sentido do desenvolvimento das competências e da melhoria das condições de vida dos seus destinatários. Promove, dinamiza, apoia e concretiza actividades de acordo com as seguintes competências e tarefas:

a) Trata de forma terapêutica e sócio pedagógica, pessoas frágeis, em desvantagem social e ou excluídas da vida social, tentando criar um bem-estar psicossocial no indivíduo;
b) Acompanha famílias, toxicodependentes, pessoas com deficiência, crianças em risco, idosas e todas as classes sociais desfavorecidas;
c) Fomenta a consciencialização e interiorizarão de competências pessoais e sociais, promove a educação permanente e formação contínua dos diversos indivíduos desajustados socialmente, recorrendo sempre a técnicas e metodologias pedagógicas;
d) Organiza e coordena actividades de animação sócio – cultural, sessões educativas, dinâmicas de grupo e actividades de tempos livres, através de métodos sócio – pedagógicos, junto de diversos grupos sociais, acompanhando e desenvolvendo uma melhor realidade social;
e) Promove e desenvolve competências de integração social do indivíduo valorizando a sua participação no grupo, na família e na comunidade;
f) Efectua investigação, analisa e avalia meios sociais, problemas de foro psicológico, através do levantamento das necessidades e carências sentidas, de forma a criar programas e encaminhamentos no sentido da resolução dessas mesmas problemáticas;
g) Elabora e desenvolve projectos de intervenção, programas educacionais, de cariz social, no que se refere à prevenção primária, secundária e terciária, destinada a população de risco;
h) Proporciona ao grupo alvo a aquisição de conhecimentos multiculturais, desenvolvendo atitudes, competências e valores relativos ao respeito pela diversidade cultural da sociedade;

Os Educadores Sociais desenvolvem (ou deveriam desenvolver) a sua acção profissional essencialmente em IPSS (Instituições Particulares de Solidariedade Social) e em serviços públicos ou em autarquias locais.
Silvia Azevedo
Licenciada em Educação Social

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